Mulher estuda mais e ganha menos


Anuário do Dieese mostra que, mesmo estudando um ano a mais que homens, elas têm salários 44% mais baixos que eles

Folha de Londrina - Apesar de terem mais escolaridade, as mulheres ainda ganham cerca de 44% menos que os homens e muitas encontram dificuldades para alcançar cargos de chefia. No entanto, 35% das famílias brasileiras são chefiadas por elas, que ainda gastam cerca de 22 a 27 horas por semana em cuidados com o lar, enquanto os homens dispensam com esta atividade cerca de 9 horas do tempo semanal. O lado positivo é que entre 2001 e 2009, houve uma diminuição de 4,6 horas que a mulher gasta com as tarefas domésticas por conta de máquinas com mais tecnologia e mudanças de hábitos. Mesmo assim, na média, as mulheres estudam cerca de 8,7 anos e o homens 7,7 anos.
Os dados fazem parte do Anuário das Mulheres Brasileiras divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O economista do órgão, Sandro Silva, disse que a diferença salarial também ocorre, na média, porque as mulheres se concentram mais em atividades com remuneração mais baixa e onde há mais informalidade. ''Isso puxa a diferença de salários'', explicou.

O head hunter Bernet Entschev disse que hoje há mais abertura que no passado. ''Há 50 anos não tinha uma mulher diretora de uma organização'', lembrou. Ele destacou que nas empresas mais avançadas, que ele classificou como ''mais inteligentes'', já não há mais diferença salarial, especialmente, nas multinacionais norte-americanas. Ele lembrou que para algumas funções as mulheres se saem melhor que os homens.

Ele observa que as mudanças em relação à presença da mulher no mercado de trabalho vêm ocorrendo nos últimos 20 anos. ''O presidente Collor (Fernando Collor Melo) foi o estopim de uma revolução que as pessoas perceberam mais tarde com a abertura dos portos. Com a invasão de produtos importados, vieram ideias mais liberais'', explicou.

Entschev estimou que dentro de 30 ou 40 anos, os homens é que vão sofrer discriminação, ou seja, o cenário vai se inverter. Em relação aos cuidados com o lar, ele pontuou que se hoje o homem dedica 9 horas semanais para isso, há 20 anos não gastava nem duas horas. ''Há uma forte evolução em relação a isso'', disse.

Em relação à maternidade, Entschev destacou que as famílias têm menos filhos hoje no Brasil. Na Europa, os governos até aumentaram o número de benefícios para que melhore a taxa de natividade. Caso isso ocorra no Brasil, ele prevê que aumentem os benefícios para que as mulheres tenham filhos como nos países europeus.

O anuário considerou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Fonte: Folha de Londrina

Comentários

Postagens mais visitadas