Ministros da Unasul propõem construir no bloco rede para internet


Najla Passos | Carta Maior | Reunidos em Brasília, ministros das Comunicações da União Sul-Americana de Nações defendem investir em anel ótico para interligar banda larga no continente e baratear custos de acesso à internet. Apresentada pelo governo brasileiro, proposta deve ser discutida pelos presidentes dos 12 países da Unasul em reunião na Venezuela nos próximos dias.

Os ministros de Comunicação dos doze países da União Sul-Americana de Nações (Unasul) reuniram-se em Brasília, nesta terça-feira (29), e aprovaram proposta defendida pelo governo brasileiro de construção de um anel de redes de fibras ópticas conjuntas no continente, que possa reduzir os custos e aumentar a velocidade da banda larga no bloco.

A proposta será apresentada, nesta quarta-feira (30), ao Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Consiplan) da Unasul, que também se reúne em Brasília. Se aprovada, será pauta da reunião de presidentes do bloco, que acontece a partir de sexta-feira (2), em Caracas, na Venezuela. A presidenta Dilma Rousseff participa do encontro.

O ministro de Infraestrutura e Comunicação do Paraguai, Cecílio Perez, que assumirá a presidência temporária do Consiplan a partir desta quarta (30), se pronunciou favorável ao anel óptico. “É o mais importante projeto apresentado, que permitirá, com redução de custos, a integração real e efetiva da região”, afirmou.

O projeto de construção do anel parte de um diagnóstico realizado pelo governo brasileiro que aponta a fragilidade das conexões internacionais de banda larga dentro da América do Sul e do continente com o mundo.

Pelo diagnóstico, um internauta latino-americano paga três vezes mais pelo serviço de conectividade internacional, do que um usuário norte-americano. Interconectividade é o uso de cabo alheio. Isso ocorre porque, mesmo para se comunicar com um vizinho, os países latino-americanos dependem de conexão com o hemisfério norte, feita através de cabos submarinos.

Na prática, quando um brasileiro e um boliviano, por exemplo, trocam dados pela internet, as informações que cada um emitem passam primeiro pelos Estados Unidos, para depois retornarem à América do Sul. E isso custa dinheiro. Estima-se que os custos com conectividade internacional representam, em média, de 35% a 40% do preço total de acesso à internet.

“Essa não é uma situação racional, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista estratégico e da proteção de nossas informações. E tal constatação só vem reforçar a necessidade de imprimirmos nossos esforços em criar uma solução sul-americana para a comunicação óptica”, disse o ministro das Comunicações do Brasil, Paulo Bernardo.

De acordo com ele, o anel sul-americano reduzirá os custos e o tempo da comunicação dos países sul-americanos entre si. “Além disso, nos deixa menos dependentes do tráfego transcontinental”, acrescenta, reforçando a discussão sobre a importância da soberania das nações em projetos de telecomunicações.

A questão econômica, entretanto, é preponderante. O ministro afirma que, no caso brasileiro, estudos demonstram que a redução de US$ 4 no preço da internet permitiria que o serviço de banda larga atingisse mais três milhões de domicílios.

Os impactos seriam sentidos também na perspectiva econômica. Estudo apresentado recentemente pelo professor Raul Katz, da Universidade de Columbia (EUA), mostra que, para cada aumento de 10 pontos percentuais na penetração da banda larga, a economia de uma país cresce 0,037%.

Conforme o especialista, se for considerado o crescimento da banda larga associado à inclusão digital da população, pode haver um crescimento de até 0,5 ponto percentual no PIB.

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